quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Nova Lei da meia-entrada: limitar o acesso a cultura vai virar lei

Um projeto em discussão no Senado Federal pode alterar a forma como a carteirinha de estudante é utilizada atualmente para a compra de ingressos pela metade do preço. A proposta também vale para o benefício concedido às pessoas com mais de 60 anos de idade.
O projeto em análise no Senado também revoga a Medida Provisória 2.208, editada em 2001, que acabou com a exclusividade das entidades estudantis na emissão da identidade estudantil.
O projeto dos Senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e Flávio Arns (PT-PR) consiste basicamente em constituir um modelo único de carteirinha do estudante a ser utilizada em todo território nacional, acabando com a Medida Provisória 2.208 que permitia ao estudante utilizar-se da meia-entrada apresentando um documento de sua instituição de ensino, acompanhado da carteira de identidade. Fica evidente ai, a articulação desses Senadores, "TEORICAMENTE" membros de blocos políticos opostos, em fornecer a UNE (União Nacional dos Estudantes), a exclusividade na comercialização dessa carteirinha, como consta no projeto de lei no que tange ao favorecimento de tal exclusividade a entidade estudantil credenciada.
O projeto é tão absurdo que chega a ser grotesco pela forma como favorece uma entidade que em "TESE" deveria ser autônoma e jamais funcionar como um órgão do Governo. A muito tempo sabemos que a UNE de forma velada trabalha como braço governista, mas será a primeira vez que isso ficará expresso e formalizado através de uma Lei, um tremendo desrespeito ao valor histórico da UNE que agora cobrará do estudante um valor determinado para a confecção das carteirinhas. O mais bizarro e escandaloso é observar que foi no último ano do Governo FHC, que foi concedido o direito aos estudantes de ter a sua meia-entrada apresentando apenas a identidade e documento de sua instituição de ensino.
Avançando mais na questão, a lei proposta por PT e PSDB limita a 40% do total de ingressos a venda nos shows, espetáculos, peças teatrais e cinemas, o número de entradas pela metade do preço. Ora, é ai que notamos o alinhamento político de "tucanos" e "petistas" e também dos pseudo-comunistas do PCdoB que hoje encontram-se na gestão da UNE, todos unidos com um único objetivo ao meu ver, LIMITAR O ACESSO DOS ESTUDANTES À CULTURA e garantir uma base que já é elevada de lucro, a grupos de empresários do setor de produção cultural. Vale ressaltar que o setor de produção cultural, hoje conta com a participação intensa de grupos de bancos como o UNIBANCO que gerencia uma das principais redes de salas de projeção e produção cultural do Rio de Janeiro.
É, parece que o "buraco é mais em baixo" e os interesses que serão garantidos em lei não são o da população e sim de alguns conglomerados financeiros que sustentam grupamentos políticos.
O setor de produção cultural e os Senadores Arns e Azeredo garantem que com essa nova lei, o valor total dos ingressos diminuirá, baseiam suas explanações nas chamadas "leis de mercado", mas fica aqui a pergunta, existe algum mecanismo na lei, ou outra lei especifica que regulará um teto para o preço dos ingressos!? A resposta é simples, NENHUM ARTIGO NA LEI TRATA DISSO, E NENHUMA OUTRA LEI REGULAMENTA O VALOR DOS INGRESSOS. O povão ficará a mercê uma vez mais dos valores abusivos e a cultura, direito de todos, se tornará objeto de luxo, garantido a uma seleta classe social privilegiada. Parece que nada muda, e quando muda é pra pior.
Mas temos que combater essa palhaçada galera, fica ai a idéia...

Fé em Deus

Rud

4 comentários:

Samuel Braun disse...

Entrou na onda de blogueiro tbm, é? abração cara!

Jorge disse...

Fala Rud!

boa sorte na nova empreitada...
Abraços!

Yco disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Yco disse...

Antes de tudo, boa sorte nesta profissão do futuro! como chamam por aí a onda dos blogues...

MAs essa lei é realmente um fato curioso! cada vez mais a influência, na constituição,da iniciativa privada. A mesma deve se defender para se estabelecer, e concordamos com isso na Câmara, no Senado... vamos em frente para privatizar a constituição! Porque se o Estádio Mário Filho foi privatizado, acho que para a meia-entrada mudar de regras será um nó na gravata agargantada dos nossos concidadãos ilustres no poder! Nó necessário...para mantê-los alinhados!...

Há braços,
Yuri Cavour